A família como instituição divina nasceu então de um projeto de Deus, a qual infelizmente parece se deteriorar cada dia mais, pois no mundo atual as prioridades parecem invertidas, o que antes era representativo em uma relação familiar, como o cumprimento de horários que eram estabelecidos entre os membros da família (normalmente pelos pais), horário no qual a família tinha a oportunidade de se reunir, conversar, discutir, perceber uns aos outros, a cada dia vem sendo deixado para o final da lista de prioridades.
As crianças ao nascerem recebem (na maioria das vezes) atenção por parte da família, porém hoje em muitos casos essa atenção não dura o tempo necessário para o desenvolvimento dos primeiros meses do bebê, pois mãe e pai necessitam retornar ao trabalho e a criança passa a ser cuidada por terceiros, como avó, tia, babá, entre outros e o tempo para a mãe e pai com a criança se torna cada vez mais escasso.
A maioria dos pais vive uma corrida tresloucada em busca de ganhar dinheiro a fim de dar o melhor para seu filho (a), como conforto, pagar uma pessoa para tomar conta da criança, uma boa escola, brinquedos de última geração, etc. e o pouco tempo que lhes sobra com a criança, os pais se esforçam para que seja da melhor qualidade.
Porém dentro dessa visão de qualidade de tempo existem grandes enganos que passam despercebidos, pois a criança ávida em receber carinho e atenção, usa de todas as artimanhas necessárias para tal e os pais na necessidade de atender as demandas da criança lançam mão de atitudes que sejam mais fáceis, menos trabalhosas e de rápido resultado.
A maioria dos pais da atualidade confunde atenção com compensação, portanto a criança de hoje recebe muitos presentes materiais, assim como em muitos casos a agenda da criança (mesmo ainda tão pequena), é cheia de compromissos: natação, inglês, balé, futebol; arte, música e tantas outras. Eu me pergunto de quem são essas necessidades? Claro que as crianças gostam de receber brinquedos e necessitam de exercícios físicos, assim como é muito bom um novo aprendizado, mas não seria importante investigarmos o que a criança realmente necessita? O que é que ela gosta ou não de fazer? O que ela deseja de seus pais?
Percebemos em muitas ocasiões crianças com sono no momento das atividades, irritadas com brinquedos recém comprados pelos pais, trocando o carrinho caro que ganhou de presente por uma simples latinha de refrigerante. Vemos aniversários de um aninho da criança ser festejado com custos altíssimos e a criança em meio ao festejo dormindo no colo da mãe, às vezes chorando irritada pelo barulho e pela quantidade de pessoas a sua volta querendo dar os parabéns, agradar, presentear e isso nos leva a pensar: para quem é essa festa?
O tempo vai passando e a família envolvida em um relacionamento onde os valores se perdem e a ordem de prioridades se inverte, muitos pais não percebem que aquele serzinho cresce e que as suas exigências aumentam e que a criança agora já adolescente não ouve e nem compreende a palavra não. Que para ele o mundo gira ao seu redor, pois suas necessidades de atenção para a construção de uma auto estima fortalecida, a consciência de regras e limites, a criatividade para o desenvolvimento de uma inteligência emocional, foram negadas de uma forma cheia de boas intenções pelos pais, os quais trilharam o caminho mais rápido evitando assim o desconforto do filho.
Os pais cheios de boas intenções esqueceram um ponto fundamental em toda a criação de seu filho (a), o de que ao crescer essa criança agora adolescente vai descobrir de maneira muito dolorida que: o mundo não gira ao seu redor, de que amor não se compra que respeito e disciplina não têm na prateleira do shopping para vender, que confiança se conquista em longo prazo e muitas outras lições que a vida ensina de maneira dura quando não trazemos para o mundo o nosso dever de casa já feito.
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